Instituto Ricardo Brennand

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Em entrevista, Julian Assange cogita transferir operações do WikiLeaks para o Brasil

O fundador do site WikiLeaks, o jornalista australiano Julian Assange, concedeu sua primeira entrevista a uma publicação da América Latina desde que deixou a cadeia em Londres.

Assange
A conversa foi publicada na edição desta quinta-feira do jornal "O Estado de São Paulo". Assange falou sobre as repercussão das divulgações de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos.

Ele afirmou que está recebendo ameaças de morte, assim como seus filhos, advogados e integrantes do WikiLeaks, mas lembra que ainda há muitos relatórios e telegramas a serem divulgados, também sobre outros países e mais de cem organizações (incluindo bancos): "Quando começamos a publicar algo sério, que poderia levar a reformas, e de fato eram informações embaraçosas, vimos as leis e os valores dos EUA serem jogados no lixo, de forma preocupante", disse.

O australiano se considera "preso político" e nega ter cometido os crimes sexuais dos quais é acusado pela Justiça da Suécia.

Brasil pode sediar centros de operações do WikiLeaks em 2011, afirma Assange
Julian Assange também falou a respeito do Brasil: ele cogitou a possibilidade de vir ao país, caso lhe seja oferecido asilo político, e também a hipótese de instalar alguns centros de operações do WikiLeaks. "Temos alguns brasileiros já trabalhando nas últimas semanas. Mas vemos muito apoio vindo do Brasil, tanto da população, mídia, da forte e emergente cultura de internet. E também há muita corrupção. Portanto, haverá bons tempos no futuro no Brasil para nós", resumiu.

O fundador do site reconheceu que os elogios feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram "corajosos", mas frisou que tal feito só ocorreu pelo chefe de Estado brasileiro estar em fim de mandato. Sobre a futura presidente Dilma Rousseff, Assange avalia que ela pode adotar uma postura também corajosa diante da política externa americana.