Instituto Ricardo Brennand

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Moçambique: A visita de um amigo

De "O País" de Moçambique.
Transcrito em Português de Moçambique.

O presidente do Brasil, Lula da Silva, visita Moçambique pela terceira vez, desde que é chefe de Estado, entre os dias 9 e 10 do mês em curso. É a sua penúltima deslocação ao exterior antes de deixar a mais alta chefia de Estado. De 2003 a 2010, Lula da Silva escalou Moçambique, em média, uma vez em cada dois anos e meio, um sinal que simboliza o compromisso do iminente cessante governante de restabelecer as raízes com África.
Lula da Silva é o presidente brasileiro que mais visitou África
O chefe da diplomacia brasileira em Maputo, António Souza e Silva, disse que Lula da Silva está a cumprir a promessa feita, em 2008, em Maputo, de revisitar o país para se inteirar do ponto de situação dos acordos estabelecidos entre as duas partes.

De acordo com um comunicado da presidência da República de Moçambique, Lula vai conhecer o local onde está a ser instalada uma fábrica de medicamentos anti-retrovirais, financiada pelo governo brasileiro. A unidade industrial vai também produzir outros importantes medicamentos destinados ao Sistema Nacional de Saúde e à exportação. Será a primeira fábrica pública de medicamentos contra a Sida na África. Até agora, o continente tem apenas pequenas fábricas privadas na África do Sul, no Quénia e em Uganda.

Ainda em Maputo, Lula vai orientar, no Instituto Nacional de Ensino à Distância, a aula inaugural do pólo da Universidade Aberta do Brasil. Trata-se de uma instituição  de ensino à distância, baseada em São Paulo, que vai acolher até nove mil estudantes.

O presidente do Brasil será ainda recebido pelo seu homólogo, Armando Guebuza, no palácio da Ponta Vermelha. É, na essência, um encontro de dois estadistas amigos.

Desde que assumiu a presidência, em 2003, Lula da Silva e seu executivo elegeram a cooperação sul-sul, incluindo sobretudo a África, para diversificar e reforçar os laços comerciais e relacionamento diplomático. Neste quadro, o líder brasileiro já esteve em 27 países africanos.

Lula da Silva é dos dirigentes brasileiros que mais defendeu “mais África no Brasil” e o presidente moçambicano vai pedir que este compromisso se mantenha com a recém-eleita Chefe de Estado, Dilma Rousseff, que já não vem com esta comitiva.

Nos seus dois mandatos, Lula visitou a África 11 vezes – é o presidente brasileiro que mais viajou ao continente -, onde o Brasil abriu ou reactivou 16 embaixadas nos últimos oito anos.

Apoio do Brasil a Moçambique

O Brasil apoia Moçambique na implementação de vários projectos, entre os quais a formação profissional no sector manufactureiro, com o apoio do Serviço Nacional da Indústria; apoia na formação de mestres em ciências da saúde, com o apoio da Fiocruz, e na informatização do sistema nacional de segurança social, com acompanhamento da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social.

Dentre os projectos, constam ainda o de melhoramento agrícola nas áreas de reflorestamento de Machipanda - fronteira com o Zimbabwe -, entre outros.

Foi no governo de Lula que, em 2004, a companhia brasileira Vale do Rio Doce, agora Vale, e maior companhia mineira do mundo, entrou no país para efectuar um investimento na ordem de 1.3 mil milhão de dólares na exploração de carvão mineral, em Moatize, Tete.

 A Vale está também a estudar a possibilidade de produzir energia a partir de termoeléctricas, num investimento na ordem de 2,3 biliões de dólares. A mineradora, cujo director-presidente, Rogger Agnelli, é assessor internacional de Armando Guebuza, pretende ainda explorar fosfato na província de Nampula.

Um outro gigante brasileiro ganhou o concurso para construir o importante Aeroporto Internacional de Nacala. As obras, estimadas em 112 milhões de dólares, foram adjudicadas à empresa brasileira Odebrecht, que terá 23 meses para transformar a actual Base Aérea de Nacala em aeroporto internacional.