Instituto Ricardo Brennand

sábado, 25 de setembro de 2010

Para onde foi o matadouro de São Bento do Una?

Como é do conhecimento de todos, há mais de 60 dias o Matadouro Público de São Bento do Una se acha interditado pela CPRH e até o presente a Prefeitura Municipal não apresentou quaquer nota de esclarecimento à população a respeito dessa situação que se mostra bastante constrangedora para todos, especialmente para os nossos marchantes que se viram, de uma hora para outra, totalmente desalojados do seu local de trabalho, tendo que abater os animais na vizinha cidade de Lajedo.
Matadouro Municipal: Interditado por Incompetência
Lamentavelmente, no ano em que São Bento do Una comemora o seu sesquicentenário, o presente que o Prefeito José Aldo Mariano deu ao município e aos seus munícipes foi o fechamento do Matadouro Público Municipal por pura incompetência administrativa, pois não foi capaz de gerir o problema pelo diálogo com os órgãos competentes, como a CPRH e com o Ministério Público Estadual, com os quais poderia ter firmado um TAC – Termo de Ajuste de Conduta se comprometendo para, em determinado tempo, construir um novo matadouro municipal e, enquanto isso, seriam tomadas algumas providências para que o velho matadouro continuasse funcionando.

O prefeito José Aldo Mariano da Silva acha que o “Matadouro Municipal” não dá votos e, por isso, deixou a situação pra lá, para ser administrada pelo próprio tempo, como se fosse ondas do mar, violentando, assim, a dignidade das inúmeras pessoas sérias e honestas que há anos exercem o ofício de marchantes naquele local.

O prefeito pensa assim:

“É ano político, é preciso fazer votos para os meus candidatos a deputado estadual e a deputado federal que nunca fizeram nada por São Bento do Una.

O que vou fazer?

Construir um novo matadouro? Não! Isso não dá voto!

Já sei. Vou mandar começar a construir um estádio de futebol numa entrada da cidade e uma nova praça na outra!”

Então, orientado pelos seus candidatos descompromissados com São Bento do Una, o prefeito bate o pé e contrata a construção de um Estádio Municipal por R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e da Praça da Rua Nova por R$ 348.000,00 (trezentos e quarenta e oito mil reais), pois, estas, sim, são obras que enganam o povo, são obras que revertem votos para candidatos em apuros.
Estádio do Prefeito José Aldo Mariano da Silva
- Prefeito, e o matadouro? – pergunta o povo.

- O matadouro continua como está: interditado! Os marchantes continuem indo abater os animais em Lajedo, isso é problema deles - responde o prefeito José Aldo Mariano.

Este debate sobre a construção do Matadouro Municipal não é novo.

Há dois anos, o blog “saobentodouna.blog.com”, que circulou em nossa cidade, nas versões impressa e eletrônica, publicou a matéria “Prefeito Padre Aldo, cadê os R$ 250 Mil Reais da Construção do Matadouro?”, denunciando uma série de irregularidades envolvendo o paradeiro do dinheiro para a construção do que seria o novo matadouro municipal, liberado ainda na gestão do governador Jarbas Vasconcelos, padrinho político do prefeito José Aldo Mariano.

A matéria, então veiculada pelo saobentodouna.blog.com, publicou naquela época:

“Conseguimos cópia do Convênio firmado entre a Prefeitura Municipal de São Bento do Una e o Governo do Estado para Construção, Operacionalização, Conservação e Manutenção do Matadouro Público Municipal de São Bento do Una, datado de 05 de janeiro de 2006, tendo o dinheiro, no valor de R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais), sido liberado desde o dia 12 de dezembro de 2005, o qual, estranhamente, só começou a ser construído em 2007 e, mais estranho ainda, a sua paralisação se dado poucos dias depois, sem nenhum comunicado à população.
Nessa mesma época, o Governo do Estado liberou recursos para outras cidades da Região, a fim de executarem obras de construção de Matadouro Público, como foi o caso de Canhotinho. O matadouro de Canhotinho saiu, está lá, bonito, imponente. O de São Bento do Una se resume a alguns buracos cheios de água, vergalhões enferrujados e retorcidos.
Matadouro de Canhotinho, liberado no mesmo dia
em que foi liberado o de São Bento do Una
É de se observar que, pela Cláusula Quinta do referido Convênio, a Prefeitura Municipal de São Bento do Una teria até 31 de dezembro de 2006 para executar a citada obra e colocar o matadouro em pleno funcionamento, o que até hoje nunca aconteceu.

São Bento do Una, mais que qualquer outra cidade da região, já deveria ter o seu bom e moderno matadouro, a fim de tirar de cena, de uma vez por todas, a péssima impressão do nosso velho matadouro, o qual se  acha em precárias condições de funcionamento e higiene, mas quando tem a oportunidade de ter o seu matadouro moderno e bem equipado, já tendo recebido toda a parte do Governo do Estado, no valor de R$ 180 mil reais, depositado quentinho em conta, parece que esse dinheiro entrou de chão a dentro e encantou-se, desaparecendo para ninguém mais ver, pois só é essa a justificativa que temos para a paralisação das obras”, dizia a matéria.
Eis o Matadouro Municipal de Padre Aldo
De fato, não há nenhuma outra cidade no Agreste de Pernambuco que seja tão merecedora de um matadouro novo e moderno como São Bento do Una. Nós temos um dos maiores e melhores rebanhos de gado bovino do Estado de Pernambuco, somos a maior Bacia Leiteira da Região e abrigamos muitas fábricas de laticínios, dados estes suficientes para homologar um pleito em nome do nosso povo, especialmente dos nossos marchantes que, de uma hora para outra, foram lançados ao ridículo, ao desprezo e ao constrangimento de ter que se deslocar de São Bento do Una para Lajedo para ali fazer o abate dos animais, gerando mais custos e sacrifícios para todos.
Empenho pelo qual o Governo do Estado liberou
os recursos para a construção do matadouro municipal
Aqui, não queremos oferecer denúncia contra o prefeito, pois muitas foram feitas há dois anos e as autoridades que deveriam tomar as providências se fizeram de cegas, surdas e mudas e não tomaram qualquer iniciativa para apurar os fortes indícios de malversação da coisa pública, então apontadas.

Queremos, apenas, que o senhor José Aldo Mariano da Silva, Chefe do Poder Executivo Municipal, respeite os cidadãos e cidadãs de São Bento do Una, especialmente, os marchantes, e faça um pronunciamento público reconhecendo que errou em não saber aplicar o dinheiro que foi conveniado para a construção de um novo matadouro, que errou por não ter tomado as atitudes certas para que o antigo matadouro não fosse desativado enquanto não se construía um novo, que errou ao optar em construir um campo de futebol e uma praça ao invés de dar preferência à construção do novo Matadouro Municipal de São Bento do Una.
Um dos tanques para servir ao novo matadouro:
hoje serve de berço para o mosquito da dengue. 
Não somos contra a construção do estádio nem da praça, apenas entendemos que a construção do matadouro municipal deveria ter sido priorizada. O Estádio Laurindo Lins há mais de 30 anos serve aos nossos desportistas e abriga as competições desportivas locais condignamente. Portanto, a construção de um novo estádio poderia aguardar um pouco mais. A mesma coisa aconteceria em relação à praça.

Ao prefeito José Aldo Mariano da Silva resta ser humilde e se socorrer dos líderes políticos de São Bento do Una, que têm acesso ao Governador Eduardo Campos, para pleitear a construção do novo matadouro municipal, a fim de minimizar o sofrimento dos nossos marchantes.